“Vasto mundo de círculos
entrelaçados ou dispersos no ar,
da maneira em que me encontro ou
inauguro
um novo modo de ser.
Nasci brasileiro, superei o passo
de criança, corri na rua levantando pipas,
jogando bola e andando de
bicicleta.
Cheio de sonhos, fiz malabarismos,
cuspi fogo, dei saltos mortais.
Cresci na corda bamba,
mas já corri de vento em popa.
E de repente, ainda moço para tanta
tristeza,
não descanso os olhos, meu pé já
não pisa firme no chão,
já não carrego nos braços a minha
namorada.
Quem é esse homem que parece
comigo, tem o meu nome,
mora na minha casa e sente as
minhas emoções?
Quero reencontrar meu corpo,
imaginar o futuro,
poder trabalhar.
Quero me reabilitar, mas ninguém se
reabilita sozinho.”
Extraído de Cadernos de Prevenção e
Reabilitação em Hanseníase, n°4.