Equipe Hansen AE Pedreira

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O que é Hanseníase?

A hanseníase (MH) é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Mycobacterium leprae; devido ao nome do bacilo, na história foi conhecida como Lepra. O tempo de multiplicação do bacilo é lento, podendo durar, em média, de 11 a 16 dias. A doença pode afetar a pele, os nervos periféricos, a mucosa do trato respiratório superior, os olhos e outras estruturas; não há discriminação de sexo, podendo acometer pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade, cor ou raça.
Por ser uma doença infecciosa, é transmitida diretamente de pessoa a pessoa, porém é necessário um longo período de exposição; e apenas uma parcela da população é acometida, já que o bacilo tem alta infectividade e baixa patogenicidade, ou seja, pode infectar muitas pessoas, no entanto poucas adoecerem.
É uma doença milenar que ainda carrega marcas de sua história. Mesmo com a descoberta do bacilo e de medicamentos eficazes para o seu tratamento, ainda observa-se na sociedade o medo de adoecer, o preconceito e a discriminação contra os doentes.
A doença apresenta alguns sinais e sintomas que nem sempre são reconhecidos pelos profissionais de saúde, podendo levar assim a um diagnóstico tardio que traria sérias conseqüências. Quando ocorre o diagnóstico precoce, pode-se iniciar o tratamento medicamentoso e o acompanhamento médico; o que impedirá o risco de transmissão e o aparecimento de deformidades e incapacidades.

Sinais e Sintomas

A doença, inicialmente, manifesta-se através de lesões de pele: manchas esbranquiçadas ou avermelhadas que apresentam perda de sensibilidade, sem evidência de lesão nervosa troncular. Estas lesões de pele ocorrem em qualquer região do corpo, mas, com maior freqüência, na face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas. Podem, também, acometer a mucosa nasal. Com a evolução da doença não tratada, manifestam-se as lesões nos nervos, principalmente nos troncos periféricos. Podem aparecer nervos engrossados e doloridos, diminuição de sensibilidade nas áreas inervadas por eles: olhos, mãos e pés, e diminuição da força dos músculos inervados pelos nervos comprometidos. Essas lesões são responsáveis pelas incapacidades e deformidades
O diagnóstico da hanseníase é normalmente baseado em sinais clínicos e alguns sintomas são fáceis de serem observados; a doença manifesta-se através de lesões de pele que se apresentam com diminuição ou ausência de sensibilidade.
As lesões mais comuns são:
Manchas pigmentares ou discrômicas: resultam da ausência, diminuição ou aumento de melanina ou depósito de outros pigmentos ou substâncias na pele.
Placa: é lesão que se estende em superfície por vários centímetros. Pode ser individual ou constituir aglomerado de placas.
Infiltração: aumento da espessura e consistência da pele, com menor evidência dos sulcos, limites imprecisos, acompanhando-se, às vezes, de eritema discreto.
Tubérculo: designação em desuso, significava pápula ou nódulo que evolui deixando cicatriz.
Nódulo: lesão sólida, circunscrita, elevada ou não, de 1 a 3 cm de tamanho. É processo patológico que se localiza na epiderme, derme e/ou hipoderme. Pode ser lesão mais palpável que visível.





Essas lesões podem estar localizadas em qualquer região do corpo e podem, também, acometer a mucosa nasal e a cavidade oral. Ocorrem, porém, com maior freqüência, na face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas.
A sensibilidade nas lesões pode estar diminuída (hipoestesia) ou ausente (anestesia), podendo também haver aumento da sensibilidade (hiperestesia).

Tipos de Hanseníase



A Hanseníase é classificada de acordo com suas manifestações clínicas e o resultado da baciloscopia. De acordo com este últimos, os pacientes que apresentam baciloscopia negativa em todos os locais de coleta são classificados como Paucibacilar (PB), enquanto aqueles que apresentam baciloscopia positiva em qualquer local de coleta são classificados como Multibacilar (MB).


 
De acordo com os critérios clínicos, foram identificadas quatro formas da doença:
·         Hanseníase Indeterminada
É a forma inicial, evolui espontaneamente para a cura, na maioria dos casos. Geralmente se encontra apenas uma lesão, de cor mais clara que a pele normal, com diminuição da sensibilidade.
·         Hanseníase Tuberculóide
É a forma mais benigna e localizada, acomete pessoas com alta resistência ao bacilo. Encontram-se poucas lesões, às vezes, apenas uma; de limites bem definidos e um pouco elevados e com ausência de sensibilidade. Neste caso, ocorrem alterações nos nervos próximos a lesão, podendo acarretar dores, fraqueza e atrofia muscular.
·         Hanseníase Dimorfa
É a forma intermediária. Há um maior número de lesões, as manchas podem atingir grandes áreas da pele, os nervos são bastante afetados. Esta pode polarizar para Virchoviana ou Tuberculóide.
·         Hanseníase Virchoviana
Neste tipo a imunidade é nula e há uma maior multiplicação do bacilo, isto faz com que o paciente possa chegar a um quadro de maior gravidade, podendo anestesiar os pés e as mãos, sem a sensibilidade poderão ocorrer traumatismos e feridas que poderão acarretar deformidades, atrofia muscular, inchaço nas pernas e surgimento de nódulos. Órgãos internos também podem ser atingidos pelas conseqüências da doença.


 

Tratamento

O tratamento medicamentoso para Hanseníase é a Poliquimioterapia (PQT) que é altamente efetiva na CURA da doença; mesmo aplicada por unidades de saúde com recursos e infra-estruturas limitados, poucos pacientes deixam de responder a seus efeitos.
Ao iniciar a PQT, o paciente previne o desenvolvimento de resistência medicamentosa e as deformidades; interrompe a transmissão da doença; reduz o risco de recidiva e melhora a atitude da comunidade. Atualmente, o Brasil é o único país das Américas considerado endêmico, em número absoluto de casos, ocupa a segunda posição do ranking mundial em notificações, perdendo apenas para a Índia.
A Poliquimioterapia (PQT), no Brasil, é oferecida gratuitamente pelo governo a todos os doentes. O tempo de tratamento irá depender do diagnóstico e o tipo de hanseníase. Nas formas em que se detectam poucos bacilos (paucibacilar), o tempo é de seis meses; nas formas em que se detectam muitos bacilos (multibacilar), o tempo varia de 12 a 24 meses.
Após o início da PQT caso o paciente apresente algum tipo de reação ao medicamento, como resistência imunológica, a médica utiliza como medicamento auxiliar a corticoterapia. Nos casos em que ocorre desconforto gástrico utiliza-se omeprazol.

Prevenção de Incapacidades

Para que se possa ter uma boa evolução no tratamento, é necessário que o paciente conheça a doença e saiba como tratá-la corretamente. O direito a esta informação é fundamental no processo de prevenção de deformidades e incapacidades. As atividades de prevenção e tratamento de incapacidades físicas não devem ser dissociadas do tratamento PQT.
A prevenção de incapacidades também serve para avaliar as dificuldades (físicas e/ou emocionais) pelas quais o paciente está passando através do uso de fichas de avaliação de incapacidades, avaliação neurológica simplificada e triagem, baseada em perguntas diretas, usando-se a Escala de Participação e SALSA (Triagem de Limitação de Atividade e Consciência de Risco). O ideal é que estes procedimentos sejam realizados no início do tratamento, na alta da PQT e no acompanhamento pós-alta, quando necessário.
Veja o trevo abaixo, através dele podem-se visualizar rapidamente as atividades básicas que podem evitar e/ou minimizar deformidades e incapacidades em pacientes com Hanseníase.


Referências

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Política de Saúde. Guia para Controle da Hanseníase. Cadernos de Atenção Básica n°10 Série A; Normas e Manuais Técnicos, n°111. Brasília-DF, 2002.
COELHO, A. R.; Et all. Supervisão na Atenção Básica: enfoque em Hanseníase. 2ª Ed. Coordenadoria Estadual de Dermatologia Sanitária, Secretaria do Estado da Saúde de Minas Gerais. Belo Horizonte-MG, 2007.
OPROMOLLA, D. V. A.. Atlas de Hanseníase. Instituto Lauro de Souza Lima: Bauru-SP, 2002.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Um guia para eliminar a Hanseníase como problema de Saúde Pública. 1ª Ed. Centro Editorial e Gráfica UFG, 1995.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de prevenção de incapacidades. Caderno de prevenção e reabilitação em hanseníase, n°1. 3ª Ed. Brasília-DF, 2008.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de condutas para tratamento de úlceras em hanseníase e diabetes. Caderno de prevenção e reabilitação em hanseníase, n°2. 2ª Ed. Brasília-DF, 2008.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de Condutas para alterações oculares em hanseníase. Caderno de prevenção e reabilitação em hanseníase, n°3. 2ª Ed. Brasília-DF, 2008.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de reabilitação e cirurgia em hanseníase. Caderno de prevenção e reabilitação em hanseníase, n°4. 2ª Ed. Brasília-DF, 2008.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de adaptações de palmilhas e calçados. Caderno de prevenção e reabilitação em hanseníase, n°5. 2ª Ed. Brasília-DF, 2008.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Caderno de Atenção Básica - Vigilância em Saúde: Dengue, Esquistossomose, Hanseníase, Malária, Tracoma e Tuberculose. 2ª Ed. Brasília-DF, 2008.